segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A última...


E chegamos ao último dia deste ano de 2012. Meio clichê, mas é sempre bom pensar que fizemos grandes feitos, feito nenhum ou feitos que você jamais pensou que faria.
Talvez uma das coisas mais legais deste ano foi conhecer pessoas novas e que fazem parte do sua vida de uma forma muito especial, como aconteceu com a Pri. O engraçado é que você pensa que isso não pode acontecer, mas de um jeito muito “nego” [meigo] como diz minha mãe, ela conquistou um lugar muito especial em mim. Há também o Keyson e o Osório, com os quais ainda estou criando as raízes.
Há também as surpresas de visitas como a vinda do Marcel para Araras, coisa que jamais pensei que fosse acontecer e foi algo muito bom. Cada minuto compartilhado e cada trolada (acidental?) valeu a pena por esse ano.
Jotinha, querido, que veio arrancar suspiros de corações ararenses... ai ai... nada com ser sexy!
Gatinha, Rafaela, que tive o prazer de conhecer, brigar e amar esse ano...
Além disso, fortalecer os laços com a “Favela”, esse grupo tão querido que faz parte de uma maneira incrível na minha vida e me propicia momentos de muita alegria e risos, em que posso esquecer um pouco dos problemas e provar a felicidade na sua forma mais pura (e venenosa, povo da língua de fogo, rs).
Família... que troço complicado e indispensável. “Tecido que jamais se dissipa” mas ao mesmo tempo joia tão frágil...
E minhas “puxadas de ferro” HAHAHAHA, pensei que jamais faria uma coisas dessas #QuantoOrgulhoDeMim hahaha... Não está sendo fácil, mas estou satisfeito e sendo reforçado positivamente pelas horas suadas (literalmente).

Há tanto a ser dito,
Que as palavras se calam.

Há tanto a comemorar,
Que faltam os fogos.

Há tanto a chorar,
Que os rios enchem d’água.

Há tanto a conquistar,
Que os pódios me esperam.

Há tanto a compartilhar,
Que os amigos nem sabem.

Há tanto, há pouco.
Há vida. Viva!


Como pensei no começo do ano, 2012 trouxe bons ventos de mudança. Pude experimentar novas sensações, descobrir (ou redescobrir) sentimentos, conhecer pessoas incríveis, não fazer nada ou fazer mais do que deveria. Um ano bom. E espero que 2013 seja um ano muito melhor. Que as mazelas da vida sejam outras, que os desafios sejam bem quistos, que o amor predomine e que eu possa lutar a cada dia pela felicidade. E que tudo isso, aconteça na sua vida também. Até 2013 (que estará em nós em menos de 24 horas). Um beijo! :*

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O momento para reflorescer


              Vivendo os últimos dias deste ano, passamos a experenciar uma retrospectiva do que desejávamos fazer, do que fizemos e do que ficou para trás. É um momento importante de pensarmos em que pudemos fazer a diferença e o que devemos nos esforçar mais para mudar, desenhando novos objetivos e traçando novas metas para o ano que em breve se iniciará.
            É interessante que, ao mesmo tempo em que nos enchemos de esperança pelos novos desafios que virão no próximo ano, muito de nós nos sintamos cansados e com as forças quase que “acabando” (e por isso, pensamos nas férias, nas festas de final de ano e nos descansos proporcionados pelos dias que passaremos em casa, com a família).
            O cuidado que devemos ter, com essa maré comum nessa época do ano é de não desanimarmos. Se fizermos um balanço do ano e percebermos que não frutificamos tanto quanto nos programamos no início do ano, não podemos nos abater. Muito mais importante que contar quantas folhas caíram, quantos frutos deixaram o pé antes de amadurecer, é termos consciência que apresentamos flores, que frutificamos e que foi preciso que uma ou outra folha caísse da árvore para que isso acontecesse, que foi preciso que uma ou outra flor nos abandonasse para enfeitar o caminho de alguém que passeava triste pela estrada da vida.
            Agora, devemos nos renovar e nos fortalecer. Renovar-nos com a celebração do nascimento do Cristo, que todos os anos nos lembra quão importante são as coisas simples da vida, quando são vivenciadas no amor, em família, no cuidado mútuo. Fortalecer-nos com a alegria de celebrar um ano novo, que significa reconhecer que há tempestades, há dificuldades, mas há também o sol, a bonança e a paz.
            Reconhecendo que, na vida, o que nos fica e nos faz seguir é a Palavra de Deus e as coisas que nos são invisíveis (o amor, o carinho, a ajuda, a justiça, a paz...) nos permitiremos reflorescer, nos permitiremos viver mais um ano com fé no Deus-conosco e assim sendo, seremos parte de um novo Éden aqui na terra e caminhantes para o paraíso celestial.
            Que você e sua família possam vivenciar com muita fé o tempo do Advento e na celebração do verdadeiro Natal, tenha as forças renovadas, a fé fortificada e o amor em abundância para que juntos, possamos ser sinais do amor do Pai em 2013. Feliz Natal e que muitas flores sejam tornadas frutos em 2013. Um abraço e até o ano que vem.

(Publicado no Jornal Nossa Igreja Católica - dez/12)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Sobre amar e preconceito


         O maior mandamento deixado por Cristo versa justamente sobre amor: que nos amemos mutuamente como Ele nos amou. Pode parecer algo simples, se pensamos naqueles que correspondem a esse amor ou que nos são queridos. Contudo, nossa natureza humana pode barrar esse amor direcionado ao outro pelas diferenças que ele apresenta.
            Quando ouvimos falar de alguém, geralmente traçamos um perfil de como essa pessoa pode ser, quais são suas principais atitudes, valores, crenças (tudo isso com base naquilo que aprendemos a considerar como sendo valoroso e correto). Acontece que, em alguns casos, essa imagem primária pode ser frustrada no encontro com o real já que o outro pode ser diferente daquilo que idealizamos ou que queremos.
            As diferenças podem ser dar mais diversas faces: pode ser que a pessoa possua alguma limitação física, algum déficit intelectual, tenha a cor da pele diferente, seja homossexual, seja nordestina, esteja desempregada e por aí vai. Todas as características (dentre inúmeras outras), que compõem a diversidade humana, tal qual a obra divina permitiu acontecer, invés de serem apenas parte da humanidade são tomadas (inclusive por alguns de nós, cristãos) como pontos de estabelecimento das relações interpessoais ­ de maneira negativa.
            A grande questão que essa atitude preconceituosa (ou seja, estabelecida por nossos conceitos anteriores e que podem não mudar no contato com a pessoa em foco) vai diretamente contra o mandamento, o direcionamento de vida cristão de que falei no início do texto. Fica, ao menos para mim, parecendo que nossa fé, nossa vida cristã, torna-se uma vivência falsa e sem fundamentos, já que não seguimos o norteador básico de nossa fé.
            Claro que falo aqui de um amor à pessoa e, por consequência, à Deus que lhe habita a alma. É aquele antigo ditado que diz que devemos amar o pecador, mas não o pecado. Ou seja, faz parte desse amor cristão conversar, entender e orientar a pessoa que não apresente uma postura coerente com a prática cristã.
            Deste modo, estimados, devemos cuidar com o que falamos e fazemos, pois estamos sempre sendo observados pelas pessoas, que podem tomar nossas atitudes e palavras para construir falsas ideias e críticas sobre o quanto (possivelmente) destoam nossa prática e nossa fé. As obras, por acaso são o espelho concreto do que cremos e por ela mostramos ao mundo o quanto é bom ser quem somos. E não podemos nos esquecer de que somos modelo para as crianças, que estão construindo personalidade e valores e que são atores da sociedade, em breve.
            Por fim, ao vermos um ato preconceituoso (e temos que nos exercitar para que vejamos os nossos próprios), creio que podemos recordar a quem executa tal ato que “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus” (Gn 1, 27) e que, por tanto, as diferenças que nos tornam singulares são parte da imensa gama de expressões do amor divino. Um abraço e até a próxima.

(Publicado no Jornal Nossa Igreja Católica)

domingo, 7 de outubro de 2012

Voz de trovão




N’outros carnavais a vida nos apresentou
Pequenino com seu violão,
Soltando a voz, ainda não-trovão,
Nos natais a cantar.

Mas a vida dá suas voltas
Nos leva onde quer,
Nos faz crescer e nos faz rever
Quem outrora já se foi.

Menino-homem, voz potente
Menino “carente”, homem presente
Menino-homem que surpreende a gente.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Deixai vir a mim as criancinhas


            As crianças despertam-nos muitos sentimentos positivos: esperança, amor, carinho, paz, alegria etc. São tidas, em geral, como o “futuro”, aqueles que irão dar continuidade ao que fazemos no hoje ou que usufruirão dos bens que estamos conquistando, construindo ou das lutas que fazemos por um mundo melhor.
            Podemos fazer uma pequena crítica a essa afirmação: temos, proporcionalmente à capacidade da pessoa (da criança, no caso), que inseri-la na vida cotidiana. Não podemos deixar que ela seja sempre “futuro”, mas ensiná-la a ser atora da sua própria história no hoje. E, para que isso aconteça, vem o ponto que pretendo refletir com vocês neste artigo.
            Sabemos que a vida social, como estamos vivendo atualmente, exige dos pais que saiam do lar em busca do sustento da família; diferentemente de algumas décadas atrás em que a maioria das mulheres permanecia em casa para o provimento das atividades domésticas e educação dos filhos, vemos que hoje ambos os pais precisam trabalhar para dar manutenção às necessidades familiares. Essa saída implica, em alguns casos, do distanciamento (ou diminuição) do tempo em que os pais passam com seus filhos, afetando diretamente a qualidade da relação pais-filhos.
            Sem a presença dos pais, as crianças ficam entregues à televisão, à internet, ao brincar (sozinha) ou mesmo à solidão (por mais absurda que possa parecer essa imagem, não é difícil imaginar: a criança fica só em um cômodo da casa, enquanto os pais precisam fazer faxinas, refeições, pagar contas etc). Uma problemática que advém dessa situação é que os pais, ausentes de uma parcela do desenvolvimento dos filhos, deixando de acompanhar seu crescimento, ideias, argumentações, relações e falas, passa a desconhecer aquele que gerou e surpreende-se com o que os filhos são capazes de fazer (podendo ser ações socialmente aceitas ou não).
            O ponto em questão é: quais criancinhas eu deixo ir? De que forma eu tenho contribuído para o desenvolvimento saudável das crianças? Qual educação eu permito que elas tenham acesso? Quais valores e crenças eu tenho ensinado? Embora o microssistema da criança seja a família, essa reflexão expande-se para avós, tios, educadores, religiosos, cuidadores – ela abarca todos os que de alguma forma tem contato com as crianças.
            Se estivermos atentos a esses e outros fatores que influem o desenvolvimento infantil, é muito provável que teremos uma relação melhor com elas, com os adolescentes que se tornarão e encontraremos adultos que guardam em si a criança que foram e que continuarão a produzir embates por um mundo digno, justo, pacífico e harmonioso. Um abraço e até a próxima.  

(Texto publicado no Jornal Nossa Igreja Católica)

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Menina Doce


As histórias de sua meiguice
Chegaram primeiro que sua pessoa
Seu jeito doce e simpático nos prende!
É tão querida e não é à toa.

Como diz “é rapidinho”
Que conquista o seu lugar,
Faz truques e olhinhos,
Tudo isso pra nos conquistar.

É inteligente, sonhadora,
Preocupada, atenciosa.
Digo de boca cheia: Menina Doce e Maravilhosa.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Belos Olhos


A gente começou brincando
De quem ofendia mais o outro
E a gente foi se chateando
E pensando “que negócio louco”

Mas o tempo muda as coisas
A convivência faz ver quem é
A menina sempre atenciosa
Presente e carinhosa

Sotaque maluco, perfume de gelo,       
Grande coração, um mundo pequeno,
E Belos Olhos nunca antes admirados.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sorriso fácil


E no começo foi o vídeo que nos apresentou
Foi dançando na República
Sem saber o que dizer
“Só não sou travesti!”, não me deixa esquecer.

E quando a gente conhece
Vê logo que é alguém especial.
Vê logo que tem um sorriso doce
E um humor ácido e sensacional.

É defensor convicto de seus ideais,
Seus valores e crenças.
Negro, alto, inteligente e, às vezes tímido,
Mas nunca, nunca, passa despercebido.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A vida imitando a arte


           Os cadernos caem da mão da adolescente e o rapaz mais bonito e desejado da escola vem, correndo, ajudá-la a recuperar o material disperso pelos corredores. A mesma fruta é escolhida por duas pessoas diferentes: um rapaz e uma moça, que se olham profundamente e apaixonam-se no mesmo instante. Apesar das várias agressões que sofreu para defender a amada do enfurecido ex-namorado, o homem cria forças quando, aparentemente tudo estava perdido, para lutar (e vencer) o adversário. Essas e outras cenas são corriqueiras em filmes, novelas, webnovelas, curtas-metragens e outros materiais criados para o entretenimento. Prendem a atenção, divertem, emocionam, propõem reflexões – atingem o seu objetivo primeiro. Mas, além disso, tenho percebido que o material divulgado nas mídias de massa levam algumas pessoas à mudança de hábitos ou criação modos de escolha e de vida, pautados nos fatos que se desenrolam nesses materiais.
            A questão destes modelos, ainda que se pareçam com pessoas que conhecemos ou com fatos já vividos, é que eles são facilmente manipuláveis. O autor de uma novela pode escrever o que quiser para o seu personagem e fazer milagres com as atitudes e consequências, transformar a morte em vida, com um simples digitar de palavras no editor de texto. Já em nossa vida, as consequências são totalmente outras: não é novidade a ligação da nossa rede social e de como afetamos e somos afetados por ela.
            Viver a “vida” dos personagens desses materiais midiáticos equivale à criança que, ao ler um conto de fadas, passa a vivê-lo. Contudo, a criança vive o seu mundo de fantasia e podemos sinalizar a elas que tudo aquilo se trata apenas de uma estória.  A problemática consiste em uma (ou mais) pessoa adulta, que acreditamos ter maturidade para divisar o real do imaginário, querer trazer para a sua própria vida o que a ficção descreve e a forma como ela resolve as problemáticas diárias.
            É preciso que sejamos críticos ao que vemos na televisão, até porque, enquanto mídia de massa, há interesses mercadológicos e financeiros envolvidos na grande maioria dos seus conteúdos. Não é à toa que cada vez mais vemos os programas fazendo merchandising de operadoras de celular, cosméticos, bebidas entre outros.
            Pode parecer bobagem, mas conheço (muito próximas a mim) pessoas que quiseram importar esse modus operandi fictício para a vida real e acabaram tendo surpresas nada agradáveis como resultado de suas escolhas. Meus caros, sejamos críticos, sábios, espertos e tomemos cuidado com os exemplos que queremos trazer e reproduzir em nossas vidas. Há muitos bons caminhos a trilhar na infinidade de coisas que nos são possíveis realizar e escolher um caminho “errado” pra seguir a ficção, não me parece uma boa opção. Um abraço e até a próxima.

(Texto publicado no Jornal Nossa Igreja Católica)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Que outro sou eu para "meus outros"?


Fato é que, durante nossas vidas, vamos estabelecendo laços que nos ajudam a viver e a lidar com as diversas situações que formam o grande livro de nossa vida. Não consigo pensar em vida humana desconexa de relações interpessoais: desde nosso nascimento o outro é importante na nossa construção pessoal e social.
Faço esta exortação, pois, me vi a refletir sobre algo que escrevi no texto da edição anterior e que pode ser mal interpretado. Disse que devemos cuidar para não nos vermos estagnados de nossas mudanças pelos outros, pelo que dizem. Obviamente, quis dizer que não podemos nos acorrentar à opinião alheia, mas, em nossa experiência vital, temos que ouvir o outro e pesar em quê ela nos será útil. E mais, se sairmos de um olhar individualista, perceberemos que nós também somos “o outro”.
Iniciei o texto dizendo que estabelecemos laços – nós também somos aqueles que auxiliamos o outro, que damos conselhos, que falamos, que podemos servir de espelho para alguém. E aí reside um grande perigo: de que modo nós somos o outro dos outros. Já disse em outros textos que nem sempre estamos atentos à forma como afetamos nosso ambiente social. O que gostaria, então, é refletir com vocês: Quem sou eu, enquanto outro? Pode parecer um paradoxo, mas parte de um olhar que sai de um “em–si–mesmo”, autocentrado, para uma visão mais ampla e mais crítica de nossa vida.
Você já parou para pensar como uma determinada escolha sua poderá refletir no outro? Como certo comportamento pode denegrir toda uma construção, todo um laço de confiança, de afeto, de segurança com que somos estimados por alguém? Meus caros é tolice achar que nossa vida é única e exclusivamente nossa. Contradiz, inclusive, o ensinamento de uma vida comunitária, de uma vida que se doa a serviço do outro.
É fácil viver uma vida, que ao mesmo tempo é particular e comunitária? Sabemos que não. Mas, tomando uma experiência pela qual passamos e nem sempre nos recordamos: foi fácil equilibrar–se nos primeiros anos de vida, sobre as duas pernas e ir rumo ao que desejávamos (o colo de alguém, por exemplo?). Caímos, ralamos o joelho, mas hoje (salvo alguma alteração física que nos impeça) caminhamos com facilidade.
Assim, é no exercício cotidiano que vamos nos aperfeiçoando na arte de viver. Vamos aprender com nossos erros, vamos conseguir mudar, enquanto nos permitirmos viver, sabendo que é, muitas vezes, na dor que conseguimos arredondar as arestas que machucam nosso caminhar e nos impedem de crescer.
Finalizando nossa conversa, gostaria que vocês pudessem parar um momento, fazer uma análise própria e pensar: Quem sou eu para meus “outros”? Que tenho feito com os afetos que me são confiados? Que modelo tenho sido? Sei, na medida do possível, como afeto quem está perto de mim, quem me quer bem? Escreva sobre isso, ainda que seja apenas para você. Retome essa reflexão de tempos em tempos. Você pode se surpreender com os resultados que pode ter. Pensem com carinho e se, se sentirem à vontade, compartilhem a experiência. Um abraço e até a próxima.

(Texto publicado no Jornal "Nossa Igreja Católica", edição de agosto/2012)

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Precisamos mudar, precisamos agir


 No artigo do mês passado, falei da importância de aprendermos também com os próprios erros e o finalizei falando que a prática deste exercício de aprendizagem torná-lo-ia mais fácil. Fiquei refletindo sobre o quanto é difícil promover mudanças em nosso repertório comportamental, ainda que estejamos falando de algo que nos incomode.
É fato que nos acomodamos com várias situações em nossa vida, nos mais diversos setores que ela engloba: no trabalho, na escola, no bairro em que moramos e até mesmo na Igreja (vamos à missa sempre no mesmo lugar, no mesmo horário, sentamos sempre no mesmo banco, rezamos sempre da mesma forma etc.). Entretanto, algumas situações provocam-nos certos desconfortos e percebemos a necessidade de mudar. Embora essa percepção seja algo importante no processo, a parte mais determinante é a ação, a mudança em si.
Precisamos, frente à constatação desta necessidade, agir, procurar novas alternativas para a problemática que estamos enfrentando. Em alguns casos, conseguimos chegar num segundo momento que é o planejamento desta mudança. Criamos objetivos, traçamos metas e uma metodologia que poderá ser empregada para que tudo isto seja alcançado, entretanto não partimos para a ação.
Vejamos: estamos numa zona de conforto – sabemos o que acontecerá (temos “certo” controle, uma parcela de predição do que ocorrerá), conhecemos o que devemos ou não fazer, quais dificuldades poderão ocorrer se determinada ação for (ou não) tomada. Assim, a manutenção e a repetição destes comportamentos (tomemos comportamento como todas as nossas ações, inclusive pensar e sentir) possuem a vantagem de não se enfrentar coisas novas e assim evitamos a ansiedade. Mudar significaria, deste modo, arriscar-se frente ao desconhecido, assumir a probabilidade da ocorrência de erros, enfrentar algo que ignoramos. E tudo isso gera ansiedade, pois não sabemos como nos comportar frente à nova realidade que se descortina nesta fase de mudanças.
Contudo, se permanecermos nesta zona de conforto, não conquistaremos as mudanças que almejamos. Cabe–nos encontrar coragem e força para sair desta zona e enfrentar este desconhecido, assumindo os possíveis desafios que acarretarão de nossa mudança. Apesar de ser uma empreitada, na maioria das vezes, individual, quando contamos com o apoio de nosso ambiente social (pessoas que estão ao nosso redor), é possível que tenhamos mais facilidade de nos arriscar e mudar. O que vale ressaltar é que não devemos, no entanto, ficar presos às amarras que algumas pessoas colocam–nos ao perceber que estamos propensos à mudança.
Que frente às adversidades da vida, não estejamos bloqueados pelo medo ou pela ansiedade que a mudança faz aparecer, mas que consigamos ser a mudança que desejamos, pois no exercício de vivência plena (que inclui erros e acertos, medos e coragem, desafios e conquistas) é que vamos construindo um caminho rumo à felicidade para a qual estamos destinados. Como diz o poeta, é necessário “não acomodar com o que incomoda”. Coragem para mudar, um abraço e até a próxima.

(Texto publicado no Jornal "Nossa Igreja Católica", edição julho/2012)

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Cobertores de Orelhas


Acho que esse é o primeiro texto que eu escrevo a pedido de alguém... E vamos falar dos maravilhosos Cobertores de Orelha. Coisa boa? Nem, sempre! Hahaha. Cobertores de Orelha tem, em geral, uma manutenção cara: é aniversário, dia dos namorados, aniversário de namoro, aniversário do primeiro beijo, aniversário da aliança, aniversário da primeira transa... É coisa para comemorar (e gastar!) que não acaba mais.
E quando falamos de uma Cobertor então... Vem a tal da TPM que só Deus na causa... Que coisinha difícil de lidar: olha chora, não olha chora; fala, reclama, não fala, chora. Hehehe, mulher tinha que vir com um botão de “off” para TPM... 
Não que homem seja tão fácil assim também, mas acho que as Cobertores possuem mais detalhes a dar conta que os Cobertores... (é aí reside uma coisa boa de ter uma Cobertor de Orelha, rs... é, isso tudo é muito contraditório – a vida é assim, né?!)
Bom, o grande problema é que apesar dos gastos e dificuldades do uso dos Cobertores de Orelha, eles são extremamente úteis para os dias frios (que graças a Deus estão quase acabando)... Ô coisa chata é frio e não ter um Cobertor para dividir o cobertor. Como muita gente postou no Facebook, o frio é um baita de um bullying contra nós que estão desprovidos dessa maravilhosa invenção da sociedade, hahaha!
Confesso que tive bons momentos ao lado da Cobertor de Orelha, mas agora to experimentando o lado dos (des)cobertados, e não é de todo ruim não. Nós, descobertados, gozamos também de uma liberdade sem igual. É o ir-e-vir sem limites, sem questionamentos e sem explicações. Então, podemos substituir um belo Cobertor de Orelha por uma quentíssima xícara de chocolate quente (e quem quiser receita eu passo uma que fiz e fica ótima) e bons amigos para rir. E se acaso, a coisa apertar, vamos recorrer (ou prestar) aos serviços de Parceiro Amigo (na acepção bonitinha do termo) para dar aquela aliviada (e pros necessitados, um Cobertor de Orelha Provisório, t'aí dá até pra fazer uma sigla nova: COP!).
Vamos levar uma nova geração de homens e mulheres resolvidos: OS COPS – galera bem resolvida que se diverte e é feliz. E se lamentar de não ter Cobertores de Orelhas, hum... não mais né?!

Um abraço (especial) para Priscila e até mais!  

sábado, 21 de julho de 2012

Dia do amigo


Era pra ter publicado ontem, mas não deu tempo... E vamos lá...

Hoje é dia do amigo e eu queria fazer um texto bonitinho para homenagear meus amigos... Mas acho que não vai rolar texto bonitinho não, uahaha.
Falar de amigo, para mim, é falar de uma relação tão intensa quanto, para mim, é a relação familiar. Para mim, porque cada um tem uma relação familiar e a minha é sempre de apoio, apesar das adversidades que toda relação humana possui. Só que, amigos, na verdade, são uma família que você escolhe, são pessoas que a vida te apresenta e que você pode ou não aceitar, desejar, permitir estar junto. E daí que você pode ter vários amigos de estilos diferentes, com ideias diferentes, gostos diversos e por aí vai – e eu acho que isso é a grande riqueza da amizade.
Acho que amigo é aquele que está ao seu lado, que te compreende, que te ajuda – e isso tudo não pressupõe uma relação perfeita, mas uma relação que tem altos e baixos, em que você pode se sentir magoado vez ou outra, mas que de certo modo, proporciona que você cresça. Meus melhores amigos não são aqueles que concordam o tempo todo comigo – não somos diferentes? - mas aqueles que eu sei que eu posso sempre contar, independente do que acontecer.
E daí que temos aqueles “amigos” de época: da escola, do trabalho, da faculdade... Amigos que compuseram o quadro da sua vida, mas que agora estão em outra vibe, seguindo seus próprios caminhos, com outros amigos – novos ou resgatados.
E outra coisa que eu acho mega interessante na amizade é sua característica nada-estática: você sempre pode ter um novo amigo, um amigo-de-amigo que de repente de parece interessante e que valha a pena você ter contato, amigos de muito longe, amigos de muito perto, amigos que você sequer conhece pessoalmente, mas que estão ali para de dar apoio quando você precisa, enviar um sms alegre quando você tá triste e nem falou nada com ninguém.
Enfim, amizade para mim é amor: um tipo de amor que não temos em outro lugar: namoro, família, próprio... é um amor único e cheio de cumplicidade e respeito.
Então meus caros amigos, obrigado por fazerem parte da minha vida... Por estarem sempre presentes ou por terem estado presente nela em algum momento. Dentre outras coisas, eu sou o que sou por causa de cada amigo que a vida me presenteou – os que mantenho, os que se foram para longe, os que se foram pro além, os que estão na esquina e viram a cara... todos vocês estarão sempre na minha memória e, se merecidos forem, no meu coração.
Felicidades no nosso dia.

(crédito da imagem: www.facebook.com/botolovers)

terça-feira, 10 de julho de 2012

A bola...




O menino chuta a bola:
Olha! A bola colorida a rolar.
O menino chuta a bola:
Olha! A vidraça a quebrar.
A vidraça da vizinha,
Que tem sete gatos a miar.
O marido dela é mágico,
Ele tem uma cartola:
Olha! De lá um coelho ele tirou...
Coelho que pula e dá cambalhota,
Coelho maluco –  pulou e pulou
O leite dos gatinhos, xi...
Derramou.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Distâncias e saudades


Quem faz a distância somos nós.
Não são os quilômetros, as pontes,
Os rios ou oceanos.

Eu posso estar bem mais perto de quem tá longe,
Em termos geográficos,
Eu posso querer bem, que nem vi hoje...
E ao mesmo tempo, não saber quem é meu vizinho.

Quem faz a saudade é o “nós”
Nós que nada mais é que algo bom,
Dois, três, quatro ou dez.
Que fazem momentos de “quero mais”


Saudade, para mim, é tradução do que foi inesquecível,
Daquilo que se foi, mas que está guardado em nós.
Ou de quem não tá perto, mas tá junto.
Não sinto saudade do que eu posso tocar,
Porque está aqui, porque não há distância.

Sinto saudade do que tá longe,
Do que não me é tocável
(Mas que pode estar numa casa do outro lado da rua).
Sinto saudade do que é bom,
Do bem que me fez,
Do crescimento... Do sorriso, do dito ao pé do ouvido.
É assim que funciona para mim.


terça-feira, 3 de julho de 2012

O que eu desejo...


E eu desejo seus lábios nos meus
Suas mãos percorrendo meu corpo
Seu hálito quente, cortando a noite fria
Que tenho que sentir sobre os lençóis.

Desejo minha pele na sua
Nosso suor que se mistura
Os sons que temos que calar
Os sons que são apenas nossos.

Desejo seus lábios no meu,
Tua língua na minha
Teu sexo em mim.

Nossos prazeres,
Nossos desejos:
Saciados, enfim.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Aprender também com os (nossos) erros


                Parece-me que é muito fácil dizer aos outros que devemos aprender com os erros. É muito consolador dizer a um amigo, ao filho, ao esposo/esposa que o erro cometido será um momento de aprendizagem, que irá crescer e, possivelmente, evitar que esse erro volte a acontecer.
            Contudo, percebo que transportar esta mesma afirmação não é tão simples assim quando se trata de nossos próprios erros. Vejamos: eu crio toda uma expectativa para o objetivo que tracei, percorro um caminho (em tese, previamente planejado), mas nem sempre tudo sai como esperamos e os acidentes do percurso aparecem.
            Creio que no primeiro momento vem a decepção: como não prevemos aquilo? Por que eu não consegui evitar que isso acontecesse? Sou “burro”? Depois penso que venha a raiva por ter permitido que esse erro tenha acontecido e a consequente frustração. E é aqui que muita gente para. E é justamente aqui que não devemos parar.
            Se continuarmos num processo de análise deste erro, veremos que nem todas as variáveis da vida são passíveis de controle. Tomemos como exemplo o caso de uma jovem que começa a namorar: ela dedica parte de seu tempo ao namoro, ao cuidado e carinho com o namorado; passa a criar expectativas para o namoro (Caminhará para um casamento?, por exemplo); insere este namorado no seu círculo de amigos e família e, repentinamente, esse amor tão ardente, cessa.
            A jovem entra em desespero: onde foi que eu errei? Primeiramente, é preciso perguntar-se se realmente houve um erro de alguém – há realmente culpados? A seguir, como pontuei, aceitar que nem tudo que acontece em nossa vida é administrável, nem tudo está sob nosso controle. Por fim, e acredito que seja muito valioso: o que eu aprendi com isso? Pensemos hipóteses: a) é preciso que eu veja se realmente há uma correspondência de sentimentos com o outro; b) é preciso que eu deixe as coisas acontecerem em um fluxo natural do tempo, sem apressar os fatos, muitas vezes por ansiedade ou pressão externa; c) eu preciso ter liberdade para saber quando o relacionamento não está mais fluindo; d) eu preciso dar esta liberdade ao outro entre outras coisas.
            Aprender com os erros não é, entretanto, algo que se aplica só aos relacionamentos, mas a outras tantas áreas da vida: no trabalho, na escola, no grupo de amigos, enfim. Não nos basta termos essa postura só quando se refere aos outros, quando estamos aconselhando. É preciso que isso ocorra em nossa própria vida, que estejamos dispostos, também nós, a agirmos, a mudarmos. Pode não ser tão fácil esperar a turbulência dos fatos se acalmar, para que possamos fazer essa análise, mas é um exercício que, com a prática, tornar-se-á, cada vez mais fácil. Um abraço e até a próxima.

(Publicado na edição de jun./12 do Jornal Nossa Igreja Católica) 

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Nostalgia


É pecado reler aquela história antiga
Que nos tempos que se foram,
Era feliz e cheia de cor?

É errado sorrir com o riso
Lembrar as histórias,
A voz, o beijo e a dor?

É masoquista lembrar da textura
Da pele, do beijo
De quem já foi?

Que nada! É apenas humano
Guardar as lembranças
Do que já foi bom.

Lembrar dos abraços,
Perder-se nos laços,
Dos pés descalços, do edredom,
Das promessas perdidas
As vidas fundidas, que o tempo levou.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Jovens e Igreja


           Recordo-me que D. Ercílio Turco, quando presidia as celebrações de Crisma, sempre alertava os jovens de que este sacramento não era uma “porta de escape” da Igreja (já que haviam passado pelos sacramentos iniciais – Batismo e Eucaristia), mas que era um convite ao serviço da Igreja, já que eram eles próprios quem assumiam a sua fé cristã, outrora afirmada por pais e padrinhos.
Pôr, a serviço da Igreja, os dons que recebemos do Espírito Santo, envolve alguns aspectos que gostaria de refletir com vocês. Primeiro, é preciso que estejamos dispostos a fazê-lo – de nada adianta sentirmos o ardor do trabalho em nosso coração, se não nos dispusermos a transformá-lo em obras. Depois é preciso que entendamos que dom é esse e em que vamos empregá-lo – não me parece muito produtivo fazer algo apenas por fazer ou para obter um status dentro da comunidade; antes é preciso que esse serviço seja feito de coração e nos doando da melhor forma possível. Se sabemos onde usar nossos dons e estamos dispostos a pô-los a serviço, só nos resta agora encontrar o terreno fértil para plantar essa semente e é justamente aqui que gostaria de pensar a interface juventude e Igreja.
As teorias do desenvolvimento psicológico trazem que, em geral, atribui-se ao jovem um caráter de rebeldia/discordância, que é muito difundida pela sociedade e reforçada pelo comportamento de alguns jovens. O psicanalista Contardo Calligaris, em seu livro A adolescência (Publifolha, 2000), afirma que do adolescente (e aqui estendo ao jovem) é exigida uma postura de responsabilidade, ao mesmo tempo em que lhe são atribuídas características de irresponsabilidade, imaturidade ou mesmo infantilidade.
Quem é a pessoa que, em geral, está recebendo (afirmando sua fé) o sacramento da Crisma? Quem é esta pessoa que está recebendo esse convite ao trabalho? É justamente esse jovem que é acusado de imaturidade ou de “levar as coisas sempre em modo de brincadeira”. Fico bem indignado quando vejo que, às vezes, o trabalho do jovem é barrado em nossa Igreja ou não recebe o seu devido reconhecimento (no sentido de que é um trabalho importante de manutenção dos fiéis de nossa comunidade. Não é possível que sejamos tolos o suficiente para ignorarmos que os convites do mundo podem parecer mais atraentes do que uma vivência cristã).
Assim, é preciso que esse jovem encontre um terreno fértil para sua atuação: uma comunidade aberta ao trabalho do jovem e ao modo como o jovem resignifica sua fé, ao seu modo de vida (que pode ser mais dinâmico, mais festivo, mais “ruidoso” – e nem por isso desrespeitoso – do que o que estamos acostumados nas bases tradicionais).
Não basta, como somos advertidos inúmeras vezes por nossos sacerdotes, bradarmos que “a messe é grande, faltam-nos os operários” se quando esses operários se dispõem a trabalhar, por serem jovens, são recriminados/impedidos de fazê-lo, por não seguirem o padrão tradicionalista daqueles que estão há mais tempo na Igreja. Não entendam que digo que é preciso revolucionar a Igreja ou perder nossos ritos por conta da juventude ou por uma “atualização” do mundo, mas antes venho criticar a falta de espaço do jovem em algumas comunidades (claro que não são as de nossa Paróquia, como sempre diz Pe. Vladimir, mas outras de lugares distantes).
Gostaria de encerrar este texto com a seguinte reflexão que encontrei em documentos para Grupos de Jovens no site da Pastoral da Juventude: “Considerar o jovem como lugar teológico é acolher a voz de Deus que fala por ele. A novidade que a cultura juvenil nos apresenta nesse momento, portanto, é sua teologia (...). De fato, Deus nos fala pelo jovem.” (Evangelização da Juventude, n. 81). Um abraço e até a próxima!


*Texto publicado no Jornal Nossa Igreja Católica (www.basilicapatrocinio.com.br)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Para Eugênio



A vida fez questão de nos fazer encontrar de novo.
Um amigo, perdido nas tantas voltas que o mundo deu,
Um irmão, que o coração bombeia sangue diferente do meu .
Um cristão, com uma espiritualidade linda.

Que podemos dizer de quem nos cativa?
Só vemos suas qualidades
E até a língua felina, tão divertida,
É vista de bom grado.

Sim, amigo, sentirei saudade
Se a vida quiser nos afastar de novo.
Contudo, sei que agora não há mais fronteiras.

Não há mais distância, nem tempo.
Há o carinho e amizade de dois amigos,
Unidos  por Deus!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Embriagados de amor


Somos, em alguns momentos de nossa vida, tomados pelos sentimentos. Embora o título deste artigo fale de “amor”, não é somente ele quem nos toma as ações: pode ser um momento de tremenda tristeza (por uma briga ou uma perda), ataques de raiva (por algo que não deu certo, não saiu como queríamos), períodos de imensa alegria (pelas conquistas que fizemos) ou até mesmo por conta deste sentimento tão complexo que é o amor.
            Nestes momentos, muitas vezes perdemos uma parcela de nossa razão e nos deixamos levar por estes sentimentos. O que pode ser, em alguma medida, prejudicial, já que não estamos totalmente cônscios das consequências que as atitudes tomadas nestes períodos irão acarretar em nosso ambiente social.
            Contudo, costumamos pensar nos aspectos negativos destas ocasiões quando estão ligados a sentimentos “negativos” como raiva, tristeza, depressão, ansiedade etc. e deixamos de nos atentar a esses momentos de “embriaguez sentimental” quando estamos demasiadamente felizes ou apaixonados.
Ora, tomemos o caso de um jovem casal que, feliz no namoro que se inicia, vive apenas para essa paixão. O moço, outrora atencioso em casa, carinho com a mãe e os irmãos mais novos, passa a renunciar os momentos em família para estar junto de sua amada. A jovem, antes tão prestativa nos afazeres do lar e administração da casa, tão atenta no trabalho, passa a sonhar apenas com o tempo em que passará com seu “príncipe”. O erro aqui não está no fato do casal querer e planejar os momentos juntos, mas no fato de que, presos na alegria que o namoro proporciona, deixaram-se ficar cegos aos fatos do cotidiano que antes ajudavam a família a lidar. De modo algum, é ruim o amor, é preciso deixar claro, mas, antes, é preciso que ele (ou qualquer outro sentimento) não seja a única força propulsora da vida da pessoa.
Sentir, e expressar os sentimentos, é algo inerente à nossa vida (e muito bom!): amamos, entristecemos, choramos, nos alegramos, nos decepcionamos... Entretanto não podemos deixar que os momentos em que os sentimentos estão mais fortes sejam a maioria do tempo de nossa vida, do mesmo modo que não podemos deixar que a razão pura seja a propulsora de nossas ações. É preciso equilíbrio entre razão e emoções; e ainda assim, podemos não estar presentes e atentos a como nos comportamos e como afetamos nosso ambiente social. Vigiemos, pois como ouvi quando ainda era um menino de oito anos “tudo o que está em exagero faz mal”. Um abraço e até a próxima.

*Texto publicado no Jornal "Nossa Igreja Católica" - www.basilicapatrocinio.com.br

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Ser quem realmente somos


             Somos apresentados a vários padrões sociais que (devemos) seguir: ditam-nos qual o corpo que devemos ter, qual o modelo de felicidade que devemos adotar (o que devemos comprar, ter, exibir), qual deve ser a cor da roupa que vamos utilizar, qual o melhor corte de tecido, o melhor aparelho eletrônico que devemos possuir, dentre tantas outras coisas. Não pertencer a este grupo, pode nos fazer: a) buscar constantemente alcançar este padrão para sair de um suposto estado de infelicidade; b) deprimir-nos, tirando-nos as forças para tantas outras coisas (e sermos felizes através da medicação/drogadição de um estado que está sendo construído pela sociedade capitalista ocidental) e c) fazer-nos apresentar uma imagem do que não necessariamente somos.
            A grande questão por trás disto tudo é que nos esquecemos quem nos criou, e portanto, nos constituiu tal qual devemos ser. Deus, nos ensina o Gênesis, nos criou sua imagem e semelhança. Será então que é necessário que façamos mutações em nossos corpos, em nossas ideias e valores, que aceitemos situações que não condizem com uma vida cristã, para que possamos ser aceitos em um determinado grupo? A meu ver, estamos indo contra a vontade de Deus. Obviamente, que não estou falando das intervenções que se fazem necessárias para a preservação de nossa saúde (no caso de mudanças físicas), mas sim da aceitação sem questionamentos de uma imposição.
            Ora, se temos que viver sob uma máscara, não estamos tomando nossas vidas com cuidado – estamos fazendo descaso com ela, vivendo algo de forma mentirosa, falsa. E isso pode nos trazer sofrimento e dor, já que não somos em sociedade aquilo que somos em nosso íntimo, em nosso real ser e, por consequência, não vivemos a plenitude da vida, pela qual Cristo veio ao mundo.
            Então viver uma máscara não afeta apenas o nível social, ao passo em que ela pode, um dia, vir a cair. Muito além e, diria, mais importante, fere nosso espírito que, manchado pela mentira, sente vergonha de Deus. Vergonha, porque sabe que não está vivendo a missão que Ele nos confiou. Em sua infinita sabedoria, Deus nos criou diferentes, justamente para que pudéssemos aprender a viver a diversidade de seu amor. Tal como disse no texto do mês passado, de que Deus nos presenteou com inúmeras cores para compormos o quadro de nossa vida, ele também nos deu características singulares; dons, necessidades, corpos, desejos diferentes, que nos tornam únicos e que, ao mesmo tempo, convergem para o seu plano de amor e salvação, que devemos empreender ao longo desta caminhada terrestre, para que possamos gozar, com Ele, dos frutos colhidos que nos serão apresentados no céu.
            Então, queridos irmãos, que saibamos ouvir o chamado do Pai para nossas singularidades e não nos atentemos para os chamados mundanos de padrões, de máscaras. Que saibamos que somos imagem e semelhança de Deus e, portanto, podemos sim ser santos e chegar o mais próximo possível que a humanidade pode estar da perfeição, mesmo em nossas diferenças. Isso se respeitarmos, a princípio, Deus, depois a nós mesmos e também a nossos irmãos, como o próprio Cristo disse em seu mandamento maior: “Amai a Deus, acima de tudo, a teu próximo, como a ti mesmo”.

Texto publicado no Jornal "Nossa Igreja Católica" - www.basilicapatrocinio.com.br

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Gosto...


Teus negros cabelos, caindo em cascatas sobre teus ombros;
Teus olhos negros, dóceis e ferozes;
Teu sorriso, às vezes bobo;
Teu jeito menina inocente, mulher decidida;
Tua voz irritantemente envolvente, me levando a lugares, antes, inexplorados;
Teus erros, teus acertos.
Tuas teorias mirabolantes.
Defeitos? O amor me faz relevar...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Desejo


Pinta teus lábios de vermelho-sangue
Une-os para dispersar a cor.
Mostra teus dentes perfeitos, brancos
Teu sorriso luz-de-sol.
Me acalenta, faz-me inspirar teu perfume,
Toca meu rosto com tuas mãos delicadas, 
Passeia por ele.
Diz meu nome,
Acaricia meus cabelos,
Me puxa.
Olha em meus olhos,
Vê meus segredos há tempos ocultos.
Ri das besteiras.
Me beija!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Julgar sem conhecer...

Esses dias tava pensando no quanto julgamos as pessoas e, a partir disso, em geral, nos afastamos delas. Talvez porque o “cabelo é estranho”, as convicções religiosas são diferentes, a cor da pele não é a mesma que dos familiares, a orientação sexual não é a socialmente aceita etc etc etc (poderia trazer milhões de exemplos aqui). E não é que neste fim de semana, entrei em contato justamente com isso, uaahhaa!
Primeiro no Conectados a Cristo, no encontro preparado pelo Ti e pela Tati, que abordaram esta questão. Depois em casa. E por fim, na igreja. É fácil, no mundo como o que vivemos ser assim. Já falei em algum lugar (não lembro se foi aqui ou no jornalzinho da paróquia) mas a sociedade como a que temos, na qual estamos inseridos, propõe mesmo que sejam valorizadas sempre as atitudes centradas no próprio eu. Se outrora vivíamos o teocentrismo, hoje eu penso que vivemos no egocentrismo, ainda que atitudes “altruístas” sejam consideradas importantes e valorizadas, no fundo não é isso que a sociedade valoriza. Aquele que se preocupa com os outros é o “bobão” que é “usado” por quem está próximo, em alguns casos. Proporcionalmente, aquele que obtém demasiado sucesso, ainda que para isso tenha utilizado o outro como plataforma/escada, possui um ótimo status.
Eu acredito, e tenho comprovado isso ao longo dos anos, em especial de 2008 para cá (talvez pelo maior amadurecimento que a velhice (kkkk) tem me proporcionado), que é na convivência que conhecemos as pessoas. E quando digo convivência, é nesta coisa real, de pele com pele, olho no olho: a internet ainda é um espaço que não consegue dar conta de proporcionar este conhecimento, ao menos na minha concepção. No real, não é a beleza que vai desviar sua atenção, não são as palavras “decoradas” ou friamente calculadas que veremos. São as atitudes. E elas, dizem muito.
E por isso esse lance de “à primeira vista” não me parece tão real assim. No “primeira vista” é a construção que a pessoa quer passar que aparece: é a aparência física, as roupas, o sorriso medido, o “olhar 43”, são as palavras estudadas. Não, não... é preciso con-viver. Vivenciar várias situações, várias vezes. É a hora que os padrões comportamentais aparecem. É a hora em que aquele lado escondido aparece. E é ai que vamos ver quem realmente é a pessoa.
Por fim, não quero dizer que todo mundo tem 80% de um lado negro escondido – longe disso! Mas, que antes de julgarmos alguém, precisamos viver com esta pessoa. Assim, não estaremos nos relacionando pelos conceitos anteriores (pré-conceitos), mas pelo que fomos apreendendo da pessoa em suas atitudes diárias. Aí, entramos num outro ponto: o que apreendemos é realmente o que é? Deixemos para conversar disso n’outro dia!
Até daqui a pouco. Abraços.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Angustia

De repente eu fiquei bem triste. Eu acho que até acordei de bom humor. Não sei por que, mas tive sensações tão boas de bons estar durante a noite. A minha irmã me fez levantar para ver minha mãe que não tava lá tão bem (mas já foi resolvido... algo passageiro) e acordei de madruga com uma “leveza” de espírito muito bacana. Levantei cedíssimo para ir ao PSF sem problemas... Vim trabalhar ok, mas agora me deu uma vontade louca de gritar, de mandar tudo para os ares. Me deu uma vontade louca de deitar no colo de alguém e chorar. De chorar muito e sem motivo, chorar até limpar tudo isso que está me corroendo por dentro. E receber cafunés até adormecer e este sentimento ruim passar. E ser acordado, quem sabe, por um beijo doce para dizer que tudo, enfim, ficou bem.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

As cores do nosso quadro

Começamos mais um ano e com ele, criamos uma série de promessas e metas a serem cumpridas: regime, educação, controlar contas, ir mais à igreja, deixar de fumar ou comprar excessivamente, etc. Esboçamos no início do ano aquilo que queremos empreender no decorrer de 2012; não somos bobos – sabemos que há intempéries que poderão dificultar que consigamos atingir essas metas, mas também que temos um Deus maravilhoso que nos dará muita força para conseguirmos alcança-las (principalmente se formos fiéis à sua Palavra).
Entendo que seja muito importante estabelecer esses objetivos para nossa vida: podemos nos organizar, estabelecer quais caminhos percorrer, quais escolhas fazer. Fazer este “rascunho” do ano permite que vejamos possibilidades para a nossa vida, que possamos pensar em como vamos afetar as pessoas, o que nossas ações vão ou não lhes causar. Tão importante é que vários setores da nossa vida utilizam o planejamento para organizar o ano: prefeitura, escolas, empresas e até mesmo nossa Igreja estabelece calendário para preparar-nos para os diversos momentos que nos conectam ainda mais a Deus.
Temos o esboço do nosso quadro para 2012. Temos a possibilidade de cores que podemos usar. E aqui temos um ponto importante a pensar: quais cores utilizarei para o quadro-vida deste ano? Posso escolher cores que ressaltem a vida, a alegria, o bem-estar; cores que celebrem as inúmeras graças divinas que cotidianamente recebemos. Mas posso optar também por cores sóbrias, que enaltecem a tristeza, os sofrimentos, as dores, as perdas... Posso ser um pintor que prefere retratar os obstáculos que a vitória.
Escolher por celebrar a vida neste quadro não significa que nos esqueçamos das dificuldades que teremos, das perdas que necessitaremos superar, mas significa que encontramos a mão de Deus em todos os momentos. Não é algo que seja fácil de acontecer, ou que em nossa pequenez saibamos logo de início – tal como amar, aprender a ver a mão de Deus agindo exige comprometimento, paciência, sabedoria e atenção.
Deus escolheu com carinho as cores para compor um quadro para nós: encheu de verde as árvores, de azul o céu, de vermelho as rosas... Mas também pôs o cinza na nuvem que chove (e faz a terra florir), escureceu a noite (para que as estrelam sejam vistas)... Deus nos deu um exemplo de como podemos compor o quadro de nossa vida, só nos basta seguir e (re)criá-lo no seu amor.
Que em 2012, nossa vida seja repleta do amor de Deus e que escolhamos as cores certas para compor, com sabedoria, a imagem que registraremos deste ano que se inicia. A todos, felicidades e até a próxima!

Publicado no Jornal "Nossa Igreja Católica" (www.basilicapatrocinio.com.br)