quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Que outro sou eu para "meus outros"?


Fato é que, durante nossas vidas, vamos estabelecendo laços que nos ajudam a viver e a lidar com as diversas situações que formam o grande livro de nossa vida. Não consigo pensar em vida humana desconexa de relações interpessoais: desde nosso nascimento o outro é importante na nossa construção pessoal e social.
Faço esta exortação, pois, me vi a refletir sobre algo que escrevi no texto da edição anterior e que pode ser mal interpretado. Disse que devemos cuidar para não nos vermos estagnados de nossas mudanças pelos outros, pelo que dizem. Obviamente, quis dizer que não podemos nos acorrentar à opinião alheia, mas, em nossa experiência vital, temos que ouvir o outro e pesar em quê ela nos será útil. E mais, se sairmos de um olhar individualista, perceberemos que nós também somos “o outro”.
Iniciei o texto dizendo que estabelecemos laços – nós também somos aqueles que auxiliamos o outro, que damos conselhos, que falamos, que podemos servir de espelho para alguém. E aí reside um grande perigo: de que modo nós somos o outro dos outros. Já disse em outros textos que nem sempre estamos atentos à forma como afetamos nosso ambiente social. O que gostaria, então, é refletir com vocês: Quem sou eu, enquanto outro? Pode parecer um paradoxo, mas parte de um olhar que sai de um “em–si–mesmo”, autocentrado, para uma visão mais ampla e mais crítica de nossa vida.
Você já parou para pensar como uma determinada escolha sua poderá refletir no outro? Como certo comportamento pode denegrir toda uma construção, todo um laço de confiança, de afeto, de segurança com que somos estimados por alguém? Meus caros é tolice achar que nossa vida é única e exclusivamente nossa. Contradiz, inclusive, o ensinamento de uma vida comunitária, de uma vida que se doa a serviço do outro.
É fácil viver uma vida, que ao mesmo tempo é particular e comunitária? Sabemos que não. Mas, tomando uma experiência pela qual passamos e nem sempre nos recordamos: foi fácil equilibrar–se nos primeiros anos de vida, sobre as duas pernas e ir rumo ao que desejávamos (o colo de alguém, por exemplo?). Caímos, ralamos o joelho, mas hoje (salvo alguma alteração física que nos impeça) caminhamos com facilidade.
Assim, é no exercício cotidiano que vamos nos aperfeiçoando na arte de viver. Vamos aprender com nossos erros, vamos conseguir mudar, enquanto nos permitirmos viver, sabendo que é, muitas vezes, na dor que conseguimos arredondar as arestas que machucam nosso caminhar e nos impedem de crescer.
Finalizando nossa conversa, gostaria que vocês pudessem parar um momento, fazer uma análise própria e pensar: Quem sou eu para meus “outros”? Que tenho feito com os afetos que me são confiados? Que modelo tenho sido? Sei, na medida do possível, como afeto quem está perto de mim, quem me quer bem? Escreva sobre isso, ainda que seja apenas para você. Retome essa reflexão de tempos em tempos. Você pode se surpreender com os resultados que pode ter. Pensem com carinho e se, se sentirem à vontade, compartilhem a experiência. Um abraço e até a próxima.

(Texto publicado no Jornal "Nossa Igreja Católica", edição de agosto/2012)

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Precisamos mudar, precisamos agir


 No artigo do mês passado, falei da importância de aprendermos também com os próprios erros e o finalizei falando que a prática deste exercício de aprendizagem torná-lo-ia mais fácil. Fiquei refletindo sobre o quanto é difícil promover mudanças em nosso repertório comportamental, ainda que estejamos falando de algo que nos incomode.
É fato que nos acomodamos com várias situações em nossa vida, nos mais diversos setores que ela engloba: no trabalho, na escola, no bairro em que moramos e até mesmo na Igreja (vamos à missa sempre no mesmo lugar, no mesmo horário, sentamos sempre no mesmo banco, rezamos sempre da mesma forma etc.). Entretanto, algumas situações provocam-nos certos desconfortos e percebemos a necessidade de mudar. Embora essa percepção seja algo importante no processo, a parte mais determinante é a ação, a mudança em si.
Precisamos, frente à constatação desta necessidade, agir, procurar novas alternativas para a problemática que estamos enfrentando. Em alguns casos, conseguimos chegar num segundo momento que é o planejamento desta mudança. Criamos objetivos, traçamos metas e uma metodologia que poderá ser empregada para que tudo isto seja alcançado, entretanto não partimos para a ação.
Vejamos: estamos numa zona de conforto – sabemos o que acontecerá (temos “certo” controle, uma parcela de predição do que ocorrerá), conhecemos o que devemos ou não fazer, quais dificuldades poderão ocorrer se determinada ação for (ou não) tomada. Assim, a manutenção e a repetição destes comportamentos (tomemos comportamento como todas as nossas ações, inclusive pensar e sentir) possuem a vantagem de não se enfrentar coisas novas e assim evitamos a ansiedade. Mudar significaria, deste modo, arriscar-se frente ao desconhecido, assumir a probabilidade da ocorrência de erros, enfrentar algo que ignoramos. E tudo isso gera ansiedade, pois não sabemos como nos comportar frente à nova realidade que se descortina nesta fase de mudanças.
Contudo, se permanecermos nesta zona de conforto, não conquistaremos as mudanças que almejamos. Cabe–nos encontrar coragem e força para sair desta zona e enfrentar este desconhecido, assumindo os possíveis desafios que acarretarão de nossa mudança. Apesar de ser uma empreitada, na maioria das vezes, individual, quando contamos com o apoio de nosso ambiente social (pessoas que estão ao nosso redor), é possível que tenhamos mais facilidade de nos arriscar e mudar. O que vale ressaltar é que não devemos, no entanto, ficar presos às amarras que algumas pessoas colocam–nos ao perceber que estamos propensos à mudança.
Que frente às adversidades da vida, não estejamos bloqueados pelo medo ou pela ansiedade que a mudança faz aparecer, mas que consigamos ser a mudança que desejamos, pois no exercício de vivência plena (que inclui erros e acertos, medos e coragem, desafios e conquistas) é que vamos construindo um caminho rumo à felicidade para a qual estamos destinados. Como diz o poeta, é necessário “não acomodar com o que incomoda”. Coragem para mudar, um abraço e até a próxima.

(Texto publicado no Jornal "Nossa Igreja Católica", edição julho/2012)

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Cobertores de Orelhas


Acho que esse é o primeiro texto que eu escrevo a pedido de alguém... E vamos falar dos maravilhosos Cobertores de Orelha. Coisa boa? Nem, sempre! Hahaha. Cobertores de Orelha tem, em geral, uma manutenção cara: é aniversário, dia dos namorados, aniversário de namoro, aniversário do primeiro beijo, aniversário da aliança, aniversário da primeira transa... É coisa para comemorar (e gastar!) que não acaba mais.
E quando falamos de uma Cobertor então... Vem a tal da TPM que só Deus na causa... Que coisinha difícil de lidar: olha chora, não olha chora; fala, reclama, não fala, chora. Hehehe, mulher tinha que vir com um botão de “off” para TPM... 
Não que homem seja tão fácil assim também, mas acho que as Cobertores possuem mais detalhes a dar conta que os Cobertores... (é aí reside uma coisa boa de ter uma Cobertor de Orelha, rs... é, isso tudo é muito contraditório – a vida é assim, né?!)
Bom, o grande problema é que apesar dos gastos e dificuldades do uso dos Cobertores de Orelha, eles são extremamente úteis para os dias frios (que graças a Deus estão quase acabando)... Ô coisa chata é frio e não ter um Cobertor para dividir o cobertor. Como muita gente postou no Facebook, o frio é um baita de um bullying contra nós que estão desprovidos dessa maravilhosa invenção da sociedade, hahaha!
Confesso que tive bons momentos ao lado da Cobertor de Orelha, mas agora to experimentando o lado dos (des)cobertados, e não é de todo ruim não. Nós, descobertados, gozamos também de uma liberdade sem igual. É o ir-e-vir sem limites, sem questionamentos e sem explicações. Então, podemos substituir um belo Cobertor de Orelha por uma quentíssima xícara de chocolate quente (e quem quiser receita eu passo uma que fiz e fica ótima) e bons amigos para rir. E se acaso, a coisa apertar, vamos recorrer (ou prestar) aos serviços de Parceiro Amigo (na acepção bonitinha do termo) para dar aquela aliviada (e pros necessitados, um Cobertor de Orelha Provisório, t'aí dá até pra fazer uma sigla nova: COP!).
Vamos levar uma nova geração de homens e mulheres resolvidos: OS COPS – galera bem resolvida que se diverte e é feliz. E se lamentar de não ter Cobertores de Orelhas, hum... não mais né?!

Um abraço (especial) para Priscila e até mais!