Como cristãos, temos a preocupação de viver os
ensinamentos que Cristo nos deixou, buscando a união, a compreensão, o respeito
e o amor ao próximo. Estas atitudes nos congregam enquanto membros de uma mesma
família e nos unem sobre a mesma denominação de “filhos de Deus”.
Contudo,
viver como cristãos autênticos não é tão fácil como gostaríamos que fosse.
Nosso Senhor deixou claro que para segui-lo é preciso que tomemos nosso fardo,
nossa cruz, e sigamos seus ensinamentos.
O Reino
de Deus é, portanto, uma construção de nossa caminhada e nossos atos,
pensamentos, ações, palavras, tudo o que fazemos faz parte desta jornada que,
esperamos, nos levará à Casa Eterna. Ora, se somos estes caminhantes rumo à
morada celestial, temos que estar preparados para os obstáculos que nos
tentarão desviar do caminho ao qual somos destinados.
Nosso
imaginário fez com que pintemos o diabo como uma figura bem desagradável aos
olhos e logo identificamos com que lidamos. Mas esta imagem fica apenas na
representação que fazemos dele. Em nosso cotidiano, o divisor vem muito bem
apessoado, sutil e sedutor – de que outra forma nos renderíamos aos seus
“encantos”?
Ao
contrário da proposta divina de união, de ajuda mútua, de companheirismo nesta
caminhada, a ideia diabólica é justamente a separação, a formação de unidades
individuais, o que nos torna fracos e mais propensos ao erro. Obviamente não
queremos cair nestas armadilhas, mas refleti estes dias, para escrever este
texto, que algumas de nossas atitudes podem estar justamente a serviço da
separação e não da união que tanto prezamos.
Como
seres humanos, nem sempre conseguimos ter afinidade com todas as pessoas com as
quais convivemos e acabamos escolhendo aquelas com as quais pudemos desenvolver
laços mais afetivos ou que ao menos nos parecem mais propensas a nos escutar e
nos defender quando preciso. Assim, aquelas que estão, não em grupo “contra
nós”, mas no grupo “distante”, acabam sendo vítimas de fofocas, comentários
maldosos e inoportunos que podem gerar intrigas entre as pessoas. Ora, se
estamos causando essas consequências com nossas atitudes, não estamos
justamente trabalhando pela segregação das pessoas?
Meus caros, numa vida
que exige tanto que sejamos imediatistas, que defendamos “nosso território” é
preciso vigiar, pois a facilidade com que caímos nas ciladas do inimigo é
grande. Que possamos estar atentos as nossas escolhas, atitudes, palavras. Que
possamos alimentar em nós sempre o que há de melhor, o que de mais divino temos
em nossa humanidade. Neste período em que acabamos que sair da Quaresma,
passando pela Paixão e Ressurreição de Nosso Senhor, que possamos fazer também,
em nossas vidas, a ressurreição para uma vida nova, transformada e cheia do
Espírito Santo: uma vida a serviço de Deus e, deste modo, a serviço dos irmãos.
Um abraço e até a próxima!(Publicado no Jornal Nossa Igreja Católica da Basílica Menor Nossa Senhora do Patrocínio)