O
maior mandamento deixado por Cristo versa justamente sobre amor: que nos amemos
mutuamente como Ele nos amou. Pode parecer algo simples, se pensamos naqueles
que correspondem a esse amor ou que nos são queridos. Contudo, nossa natureza
humana pode barrar esse amor direcionado ao outro pelas diferenças que ele
apresenta.
Quando ouvimos falar de alguém,
geralmente traçamos um perfil de como essa pessoa pode ser, quais são suas principais
atitudes, valores, crenças (tudo isso com base naquilo que aprendemos a
considerar como sendo valoroso e correto). Acontece que, em alguns casos, essa
imagem primária pode ser frustrada no encontro com o real já que o outro pode
ser diferente daquilo que idealizamos ou que queremos.
As diferenças podem ser dar mais
diversas faces: pode ser que a pessoa possua alguma limitação física, algum
déficit intelectual, tenha a cor da pele diferente, seja homossexual, seja
nordestina, esteja desempregada e por aí vai. Todas as características (dentre
inúmeras outras), que compõem a diversidade humana, tal qual a obra divina
permitiu acontecer, invés de serem apenas parte da humanidade são tomadas
(inclusive por alguns de nós, cristãos) como pontos de estabelecimento das
relações interpessoais de maneira negativa.
A grande questão que essa atitude
preconceituosa (ou seja, estabelecida por nossos conceitos anteriores e que
podem não mudar no contato com a pessoa em foco) vai diretamente contra o
mandamento, o direcionamento de vida cristão de que falei no início do texto.
Fica, ao menos para mim, parecendo que nossa fé, nossa vida cristã, torna-se uma
vivência falsa e sem fundamentos, já que não seguimos o norteador básico de
nossa fé.
Claro que falo aqui de um amor à
pessoa e, por consequência, à Deus que lhe habita a alma. É aquele antigo
ditado que diz que devemos amar o pecador, mas não o pecado. Ou seja, faz parte
desse amor cristão conversar, entender e orientar a pessoa que não apresente
uma postura coerente com a prática cristã.
Deste modo, estimados, devemos
cuidar com o que falamos e fazemos, pois estamos sempre sendo observados pelas
pessoas, que podem tomar nossas atitudes e palavras para construir falsas
ideias e críticas sobre o quanto (possivelmente) destoam nossa prática e nossa
fé. As obras, por acaso são o espelho concreto do que cremos e por ela
mostramos ao mundo o quanto é bom ser quem somos. E não podemos nos esquecer de
que somos modelo para as crianças, que estão construindo personalidade e
valores e que são atores da sociedade, em breve.
Por fim, ao vermos um ato
preconceituoso (e temos que nos exercitar para que vejamos os nossos próprios),
creio que podemos recordar a quem executa tal ato que “Deus criou o homem à sua
imagem; criou-o à imagem de Deus” (Gn 1, 27) e que, por tanto, as diferenças
que nos tornam singulares são parte da imensa gama de expressões do amor
divino. Um abraço e até a próxima.
(Publicado no Jornal Nossa Igreja Católica)
(Publicado no Jornal Nossa Igreja Católica)