Os
cadernos caem da mão da adolescente e o rapaz mais bonito e desejado da escola
vem, correndo, ajudá-la a recuperar o material disperso pelos corredores. A
mesma fruta é escolhida por duas pessoas diferentes: um rapaz e uma moça, que
se olham profundamente e apaixonam-se no mesmo instante. Apesar das várias
agressões que sofreu para defender a amada do enfurecido ex-namorado, o homem
cria forças quando, aparentemente tudo estava perdido, para lutar (e vencer) o
adversário. Essas e outras cenas são corriqueiras em filmes, novelas,
webnovelas, curtas-metragens e outros materiais criados para o entretenimento.
Prendem a atenção, divertem, emocionam, propõem reflexões – atingem o seu
objetivo primeiro. Mas, além disso, tenho percebido que o material divulgado nas
mídias de massa levam algumas pessoas à mudança de hábitos ou criação modos de
escolha e de vida, pautados nos fatos que se desenrolam nesses materiais.
A questão destes modelos, ainda que
se pareçam com pessoas que conhecemos ou com fatos já vividos, é que eles são
facilmente manipuláveis. O autor de uma novela pode escrever o que quiser para
o seu personagem e fazer milagres com as atitudes e consequências, transformar
a morte em vida, com um simples digitar de palavras no editor de texto. Já em
nossa vida, as consequências são totalmente outras: não é novidade a ligação da
nossa rede social e de como afetamos e somos afetados por ela.
Viver a “vida” dos personagens
desses materiais midiáticos equivale à criança que, ao ler um conto de fadas,
passa a vivê-lo. Contudo, a criança vive o seu mundo de fantasia e podemos sinalizar
a elas que tudo aquilo se trata apenas de uma estória. A problemática consiste em uma (ou mais)
pessoa adulta, que acreditamos ter maturidade para divisar o real do
imaginário, querer trazer para a sua própria vida o que a ficção descreve e a
forma como ela resolve as problemáticas diárias.
É preciso que sejamos críticos ao
que vemos na televisão, até porque, enquanto mídia de massa, há interesses
mercadológicos e financeiros envolvidos na grande maioria dos seus conteúdos.
Não é à toa que cada vez mais vemos os programas fazendo merchandising de operadoras de celular, cosméticos, bebidas entre
outros.
Pode parecer bobagem, mas conheço
(muito próximas a mim) pessoas que quiseram importar esse modus operandi fictício para a vida real e acabaram tendo surpresas
nada agradáveis como resultado de suas escolhas. Meus caros, sejamos críticos,
sábios, espertos e tomemos cuidado com os exemplos que queremos trazer e
reproduzir em nossas vidas. Há muitos bons caminhos a trilhar na infinidade de
coisas que nos são possíveis realizar e escolher um caminho “errado” pra seguir
a ficção, não me parece uma boa opção. Um abraço e até a próxima.
(Texto publicado no Jornal Nossa Igreja Católica)