segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Processos


O mais importante é o que ficou pra trás?
Ou o que se vive agora?
Não, deve ser como as coisas serão amanhã.

O que vale mesmo a pena
É o olhar o processo, do primeiro
Ao último verso – se é que a história teve fim.

O ontem, o agora e o depois,
Mesmo que seja o feijão com arroz,
Que nos fez ser assim.

Por que isso ou aquilo?
Se podemos ver, ser ou ter
Isso e aquilo?

Ainda que nem sempre.

Às vezes é preciso escolher:
Rosa ou azul?
Peixe ou ovo?
Caro ou gratuito?
Eu ou você?

Às vezes é preciso juntar:
O roxo.
O cuscuz (paulista, claro).
Uma viagem.
Nós.

E a história?
A de contingências conta muito sobre nós:
Quem fomos, quem somos
O nós, os “eu”, os tu.
Os outros escondidos nas entrelinhas que poucos hão de ver.

As escolhas, o verso
Um texto.
Em foto.
Aquilo que se tinha pra dizer.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Pra ti

Ela se negava, se deixava conduzir
Erguia os olhos para olhar o horizonte que ele falava
Tocar o que ele descrevia, sentir os cheiros que ele sentia
Esquecia-se de si.

Ela pensava, mas não dizia
Era melhor concordar com cada vírgula
Fazer as pausas que o ponto-e-vírgula ordenavam
E deixar suas reticências no ar.

O seu dito? – Porque às vezes dizia –
Bem, estes eram ouvidos, mas não escutados:
O dia foi corrido, o trabalho puxado
Os olhares perdidos e o rosto manchado.

Resignava-se ser presença
Sorrir.
Beber.
Ouvir.

A troco de que?
A troco de um real ou dois de atenção
Um sorriso no cair da noite,
Um acalento numa tarde chuvosa.

Era pouco ela sabia,
Mas aprendeu a tirar o melhor que podia
E se era a (pouca) companhia
De bom grado a tomaria pelo braço, e seguiria a vida
Nas noites estreladas,
Nos dias ensolarados,
Nas tardes nubladas.

Reconhecimento já não queria,
Apenas tê-lo por perto.

Apenas amando aquilo que ele dizia: “é pra ti”.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Surpresas

Conversando com uma amiga, falávamos da previsibilidade da vida. Acho que uma das graças mais bacanas dela é justamente essa capacidade de ser imprevisível. Se já soubéssemos de tudo, se não houvesse como rearranjar contingências, promover mudanças e mesmo se surpreender, a vida seria um tédio.

O bom é a gente encontrar aquele amor da vida toda, numa esquina; meses depois a gente descobre que foi só paixão. Encontra novos amores, novos sabores. Se apaixona de novo. E, se for o “amor verdadeiro” a vida se encarrega de fazê-lo voltar.

O bom é poder ser piranha, dar pra todo mundo e ser feliz. O bom é ser certinho, achar um amor, casar, ter filhos e envelhecer juntos. O bom é saber que podemos acertar, podemos errar, podemos viver! E sendo nós mesmos, podemos ser felizes. Podemos nos respeitar. Podemos resgatar o que de melhor há em nós.


Surpreenda-se. Já trocou o caminho para casa hoje?

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Séculos



As ideias evoluem com o tempo
Podemos nos reeducar
Reaprender a ver o sol
Que há tanto está a brilhar.

Não podemos nos deixar presos
A cosas que ficaram pra trás
Olhar pro futuro e quem sabe
Mudar o mal que se faz

Respeito é palavra chave
Para que bem possamos viver
Respeito é porta que abre
Sem nada de nós querer.

Excluir, privar, “sou melhor”
São coisas que já se vão.
Viver igualdade, direitos
Eis a grande missão

Não deixe que o passado
Se meta no seu futuro
Mude, repense o errado
Se atualize – não seja burro