terça-feira, 18 de junho de 2013

Nosso coração semelhante ao vosso


              Nós temos a honra (muito mais que o dever) de celebrarmos neste mês a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Celebrar o seu Sagrado Coração é recordarmos novamente a expressão máxima do amor: doar-se gratuitamente.           
            Não temos na história prova de amor maior que a doação da própria vida do Cristo, que do alto da cruz perdoou-nos os pecados, redimiu-nos e nos apontou o caminho à Casa do Pai.
            Ao pedir que nosso coração seja semelhante ao do Cristo, estamos pedindo que sejamos pacíficos, mansos, compreensivos, que saibamos perdoar, respeitar, acolher, ouvir; acima de tudo, estamos pedindo a capacidade amar como Cristo nos ama.
            Fazer o nosso coração semelhante ao d’Ele é também esforço nosso: ele nos concede a graça e o exemplo de um coração verdadeiro, mas a transformação deve partir de nosso próprio coração, de nossas escolhas e principalmente de nossas ações.
            Quantas vezes eu escolhi ser manso, neste último mês? Diante das adversidades, é muito mais fácil encolerizar-se que ser manso, acusar que perdoar, excluir que acolher. Por isso, amados, ter um coração como o Misericordioso Coração de Jesus é uma escolha diária. É escolha, porque precisamos estar determinados a sermos semelhantes a ele; diferentemente de respirar, pensar, do pulsar do nosso coração humano (atitudes que fazemos de modo automático), um coração misericordioso vem com esforço, determinação e muita vontade de ser santo e de amar.
              Ao fazer esta tão linda prece, que possamos nos comprometer realmente na semelhança que desejamos: Sagrado Coração de Jesus, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso. Amém! Um abraço e até a próxima!

terça-feira, 4 de junho de 2013

Nossa fé, nossos desejos


           Creio ser comum que durante nossa vida aconteçam fatos que testem nossa fé. Embora saibamos que abraçar a fé cristã significa escolher enfrentar os desafios cotidianos, crendo que somos responsáveis por guiar nossas vidas com o auxílio do Criador, as dificuldades que permeiam nossa existência parecem questionar o quanto somos ou não agraciados por Deus.
            Os problemas, inevitáveis no nosso percurso parecem nos propor questões como “Estou eu seguindo realmente o deus verdadeiro?”, “Será que não preciso de outro tipo de ajuda?”, “Posso eu recorrer a outras entidades para resolver unicamente este ou aquele problema?”, “Quero tanto passar por outra experiência espiritual, que não essa que estou vivendo hoje!”. De um modo geral, creio que essas perguntas podem ser úteis para verificarmos o quanto estamos crentes em Deus e no seu plano. Mas vejo que nem sempre essas questões produzem um efeito questionador sadio, mas fazem com que se busquem práticas “alternativas” ou, no campo das ideias, complementares a nossa fé.
            Quero ressaltar, antes de continuar a dissertar sobre o tema, que não pretendo julgar ou “apontar o dedo” a ninguém, mas expressar uma reflexão que tive a partir de falas que ouço e práticas que vejo. Um princípio que penso ser sempre muito válido é aquele em que cada um de nós deve prestar contas de nossas escolhas e, portanto, não nos cabe julgar ninguém (sempre orientar, mas não condenar).
            A experiência da fé, no meu entendimento, passa por estágios em que vai se tornando mais madura e, deste modo, mais completa. Assim como o amor, a fé cristã precisa de um verdadeiro desejo de vivê-la seguida de uma experiência real de sua expressão. Não basta dizer “tenho fé”, não basta rezar a profissão de fé: é preciso, acima disto, saboreá-la, senti-la realmente. No contato verdadeiro e único com a Santíssima Trindade, com a Virgem Maria ou com a aprendizagem pela vida dos santos, provamos de uma fé forte e movedora de montanhas. Mas não basta que nos permitamos essa fé apenas uma vez, mas que cotidianamente ela se reflita em nós.
            A Igreja, embora formada por nós, homens, é impulsionada pela ação santificadora do Espírito Santo. Nós erramos, Ele não. Nos permitimos falhas, lacunas, enrijecimento, estagnação; mas o Espírito Santo é dinâmico, sempre “fogo novo”, é completo e renovador. Se a Igreja é movida por Ele, também ela deve ser dinâmica e nos acolher nas diversas mazelas que nos afligem. Ao buscarmos externamente o consolo para nossa alma, penso que estamos negando essa ação divina – como se clamássemos que nossa fé não deu conta de nos dar suporte, de nos auxiliar, de nos acalmar o coração ou incendiá-lo.
            Estimados, se vivemos verdadeiramente esta experiência de fé, não precisamos de nada além do Salvador, não precisamos “prever futuro”, pois o que nos aguarda é certeza garantida de nossa fé e boas obras: a Morada Eterna. Não precisamos de outro que tire o peso de nosso fardo, senão Aquele que carregou os pecados do mundo em seus próprios ombros. Não precisamos oferecer nada à entidades, pois o único merecedor de nossas ofertas, doou-se ao Pai. Que antes de buscar no além-fé o conforto que precisamos, saibamos abrir nosso coração para deixar crescer a fé e a força que o Criador infundiu em nós pelo batismo e pela comunhão legítima do Corpo de Cristo. Um abraço e até a próxima.

(Publicado no Jornal Nossa Igreja Católica da Basílica Nossa Senhora do Patrocínio)