Parece-me
que é muito fácil dizer aos outros que devemos aprender com os erros. É muito
consolador dizer a um amigo, ao filho, ao esposo/esposa que o erro cometido
será um momento de aprendizagem, que irá crescer e, possivelmente, evitar que
esse erro volte a acontecer.
Contudo, percebo que transportar
esta mesma afirmação não é tão simples assim quando se trata de nossos próprios
erros. Vejamos: eu crio toda uma expectativa para o objetivo que tracei,
percorro um caminho (em tese, previamente planejado), mas nem sempre tudo sai
como esperamos e os acidentes do percurso aparecem.
Creio que no primeiro momento vem a
decepção: como não prevemos aquilo? Por que eu não consegui evitar que isso
acontecesse? Sou “burro”? Depois penso que venha a raiva por ter permitido que
esse erro tenha acontecido e a consequente frustração. E é aqui que muita gente
para. E é justamente aqui que não devemos parar.
Se continuarmos num processo de
análise deste erro, veremos que nem todas as variáveis da vida são passíveis de
controle. Tomemos como exemplo o caso de uma jovem que começa a namorar: ela
dedica parte de seu tempo ao namoro, ao cuidado e carinho com o namorado; passa
a criar expectativas para o namoro (Caminhará para um casamento?, por exemplo);
insere este namorado no seu círculo de amigos e família e, repentinamente, esse
amor tão ardente, cessa.
A jovem entra em desespero: onde foi que eu errei? Primeiramente, é
preciso perguntar-se se realmente houve um erro de alguém – há realmente
culpados? A seguir, como pontuei, aceitar que nem tudo que acontece em nossa
vida é administrável, nem tudo está sob nosso controle. Por fim, e acredito que
seja muito valioso: o que eu aprendi com isso? Pensemos hipóteses: a) é preciso
que eu veja se realmente há uma correspondência de sentimentos com o outro; b)
é preciso que eu deixe as coisas acontecerem em um fluxo natural do tempo, sem
apressar os fatos, muitas vezes por ansiedade ou pressão externa; c) eu preciso
ter liberdade para saber quando o relacionamento não está mais fluindo; d) eu
preciso dar esta liberdade ao outro entre outras coisas.
Aprender com os erros não é,
entretanto, algo que se aplica só aos relacionamentos, mas a outras tantas
áreas da vida: no trabalho, na escola, no grupo de amigos, enfim. Não nos basta
termos essa postura só quando se refere aos outros, quando estamos aconselhando.
É preciso que isso ocorra em nossa própria vida, que estejamos dispostos, também
nós, a agirmos, a mudarmos. Pode não ser tão fácil esperar a turbulência dos
fatos se acalmar, para que possamos fazer essa análise, mas é um exercício que,
com a prática, tornar-se-á, cada vez mais fácil. Um abraço e até a próxima.
(Publicado na edição de jun./12 do Jornal Nossa Igreja Católica)