No artigo do mês passado, falei da
importância de aprendermos também com os próprios erros e o
finalizei falando que a prática deste exercício de aprendizagem
torná-lo-ia mais fácil. Fiquei refletindo sobre o quanto é difícil
promover mudanças em nosso repertório comportamental, ainda que
estejamos falando de algo que nos incomode.
É fato que nos acomodamos com várias situações em
nossa vida, nos mais diversos setores que ela engloba: no trabalho,
na escola, no bairro em que moramos e até mesmo na Igreja (vamos à
missa sempre no mesmo lugar, no mesmo horário, sentamos sempre no
mesmo banco, rezamos sempre da mesma forma etc.). Entretanto, algumas
situações provocam-nos certos desconfortos e percebemos a
necessidade de mudar. Embora essa percepção seja algo importante no
processo, a parte mais determinante é a ação, a mudança em si.
Precisamos, frente à constatação desta necessidade,
agir, procurar novas alternativas para a problemática que estamos
enfrentando. Em alguns casos, conseguimos chegar num segundo momento
que é o planejamento desta mudança. Criamos objetivos, traçamos
metas e uma metodologia que poderá ser empregada para que tudo isto
seja alcançado, entretanto não partimos para a ação.
Vejamos: estamos numa zona de conforto – sabemos o
que acontecerá (temos “certo” controle, uma parcela de predição
do que ocorrerá), conhecemos o que devemos ou não fazer, quais
dificuldades poderão ocorrer se determinada ação for (ou não)
tomada. Assim, a manutenção e a repetição destes comportamentos
(tomemos comportamento como todas as nossas ações, inclusive pensar
e sentir) possuem a vantagem de não se enfrentar coisas novas e
assim evitamos a ansiedade. Mudar significaria, deste modo,
arriscar-se frente ao desconhecido, assumir a probabilidade da
ocorrência de erros, enfrentar algo que ignoramos. E tudo isso gera
ansiedade, pois não sabemos como nos comportar frente à nova
realidade que se descortina nesta fase de mudanças.
Contudo, se permanecermos nesta zona de conforto, não
conquistaremos as mudanças que almejamos. Cabe–nos encontrar
coragem e força para sair desta zona e enfrentar este desconhecido,
assumindo os possíveis desafios que acarretarão de nossa mudança.
Apesar de ser uma empreitada, na maioria das vezes, individual,
quando contamos com o apoio de nosso ambiente social (pessoas que
estão ao nosso redor), é possível que tenhamos mais facilidade de
nos arriscar e mudar. O que vale ressaltar é que não devemos, no
entanto, ficar presos às amarras que algumas pessoas colocam–nos
ao perceber que estamos propensos à mudança.
Que frente às adversidades da vida, não estejamos
bloqueados pelo medo ou pela ansiedade que a mudança faz aparecer,
mas que consigamos ser a mudança que desejamos, pois no exercício
de vivência plena (que inclui erros e acertos, medos e coragem,
desafios e conquistas) é que vamos construindo um caminho rumo à
felicidade para a qual estamos destinados. Como diz o poeta, é
necessário “não acomodar com o que incomoda”. Coragem para
mudar, um abraço e até a próxima.
(Texto publicado no Jornal "Nossa Igreja Católica", edição julho/2012)
2 comentários:
Meu amigo Jailton, li seu texto e, como sempre, adorei!
E, coincidentemente, me fez lembrar de um trecho do autor Jacob Pétry, cujo livro estou lendo, que diz assim:
"Compreender que nossas ações, sentimentos e atitudes são o resultado das convicções que nós próprios criamos nos dá um PODER EXTRAORDINÁRIO. Abrimos uma porta para a transformação, entendendo que tudo que precisamos é nos expor a novas experiências, a desafios maiores do que acreditamos ser capazes, isto é, precisamos desafiar nossas limitações mentais, descobrir que elas são baseadas em ilusões e substituir limites e desafios maiores".
Mais uma vez, parabéns pelas matérias...
Um abraço!
Olá Pri!
Uau, to falando parecido a gente grande?! Uhuuuu o/
Obrigado pela visita!
Beijos
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