quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Amadurecer I

Eis algo que é necessário e extremamente difícil. Porque crescer é bem fácil, basta deixar que o organismo, que a natureza siga seu curso normal – órgãos, tecidos, células: tudo vai se desenvolvendo. Amadurecer exige certo grau de comprometimento, de desejo da pessoa. Fora as questões ambientais, é claro: tem muito ambiente (pais, cuidadores, amigos...) que não propiciam o amadurecimento da pessoa. Por exemplo, um pai que não permite que o filho tome iniciativa, decisões, faça escolhas, pegue o carro para sair com os amigos, pague suas próprias contas etc – a meu ver não está propiciando o crescimento do filho, já que o mantém capsulado numa bolha de proteção e cuidado, na qual não é necessário gasto algum de energia.
Amadurecer é então um processo dolorido. Em parte porque envolve uma escolha e com ela vêm as responsabilidades. Enquanto são os outros que decidem por mim, não sou completamente responsável pelas consequências advindas de meus atos: é assim com as crianças (seus pais são seus responsáveis). Digo criança, mas tem muito adulto que se porta assim, numa relação de não-responsabilidade. Não sabe tomar decisões, não consegue fazer leituras da realidade e agir sobre ela. Não é responsável pela própria vida.
Quando escolhemos amadurecer temos, então, que encarar esse aspecto inerente da inserção na vida social: responsabilidade e consciência. Quando estamos amadurecidos não podemos dizer que não sabíamos desta ou daquela consequência. Amadurecer nos traz este grau de consciência. Não é apenas viver pelas emoções momentâneas (embora, em algumas situações seja importante viver sem estar atrelado unicamente à razão). Acredito que amadurecer envolve isso que alguns psicólogos chamam de Habilidades Sociais.
Quando somos maduros, sabemos que tomamos a decisão de agir deste ou daquele modo e que não poderemos mais voltar atrás. Ou seja, o que fizemos ou dizemos não pode ser desfeito ou apagado das palavras que proferimos (não há CTRL+Z na vida real). Não que a situação seja totalmente irremediável, contudo um pedido de desculpas não apaga as marcas que a confusão deixou. Como gosto de comparar, arranca-se o prego da madeira, mas não mais ela será a mesma: está ali estampada a marca do prego que lhe rompeu as estruturas.
Então amadurecer é aceitar os erros da vida? É negarem-se segundas chances? Não. Amadurecer é ser cônscio do que escolheu, do que fez, das consequências que obteve e seguir em frente, sabendo que escolhas semelhantes podem trazer novamente essas mesmas consequências, mas nem sempre.  É olhar a sua própria história e evitar que os erros, na medida do possível, não se repitam. Se isso ocorre é porque há um padrão comportamental aí, o que faz a conversa ir para outros rumos... Outro dia falamos disto...


Nenhum comentário: